Construir ferramentas abertas de aprendizado de matemática usando análise do discurso.
(CAGLIARI, L. C. Alfabetização e Linguística, pág. 21, 2000. Editora Scipione.)
Link do projeto:
https://slides.com/rogeriolourenco
Palavra contada é o resultado da tese de Doutorado de Rogério Santana Lourenço, sob orientação de Tânia Clemente de Sousa. A partir da pesquisa realizada com as provas da Olimpíada Brasileira de Matemática, a OBMEP, pôde-se perceber que a matemática é uma pratica cultural feita com e pela língua. O objetivo do projeto é construir um protótipo de aplicativo que possa traduzir as estruturas linguístcas em número e vice versa. O protótipo será aberto e estrá pretende disponível para consulta aberta na web exemplos de análises discursivas.
A OBMEP é um evento que tem entre 18 e 20 milhões de estudantes e existe há mais de 10 anos. Com a ajuda de professores de matemática, foram coletadas as melhores notas obtidas e as provas, para fosse possível analisar como eram construídas linguisticamente as respostas. Pesquisar a dificuldade de aprender português e matemática foi a motivação de pensar ferramentas que auxiliem a diversidade de olhares sobre a matemática. O mito da matemática oposta, inversa à língua, tem gerado o analfabetismo funcional, numérico e tecnológico.
Essas análises serviram como referência para demonstrar como ocorre a elaboração do pensamento discursivo como ferramenta linguística de aprendizagem matemática.
Uma das formas de perceber a ligação dos números com a língua está no verbo contar. Pode-se contar histórias, pode-se contar números. Em ambos os casos, há uma situação de estrutura, seja da narrativa seja da lógica, de descrever algo. Assim, a união de duas disciplinas ensinadas tradicionalmente de modo separado pode ser pensada no aprendizado de matemática como uma atividade própria de uso da língua, uma atividade exata, mas criativa.
Um dos pontos da pesquisa observou seletivamente, nas notas mais altas, a liberdadeUm dos pontos da pesquisa observou seletivamente, nas notas mais altas, a liberdadede respostas e a variação de técnicas. De modo que o recurso ao compartilhamento dadimensão discursiva acontecia nas respostas mediando a variação de procedimentos, tantonuméricos quanto linguísticos. Considere a sequência de enunciados abaixo. São respostas ao item C da questão N1Q12/2012 da OBMEP: Explique por que não é possível cobrir otabuleiro usando somente peças do tipo B.
1. R= Porque a quantidade não é divisível por 5.1. R= Porque a quantidade não é divisível por 5.
2. R= Porque as peças do tipo B são 5 pecinhas e o tabuleiro é de 4 x 6 = 24 e 24:5 não dá umnúmero exato, mas as peças A que são três pecinhas e as do tipo C que são 4 pecinhas dãoporque são divisíveis por 24. 24:3 = 8 e 24:4 =6.
3. Porque ele teria que ter um número de quadradinhos divisíveis por 24 que é o número dequadradinhos no tabuleiro. E as peças B tem 5 quadradinhos e não é divisível por 24.
4. Porque o tabuleiro tem 24 quadrados e as peças do tipo B tem 5 quadrados e 24 divido por 5não é exato.
5. Não é possível porque se multiplicarmos 4 vezes 6 que é o tamanho do retângulo irá dar 24. Ejá que o tamanho da peça B é 5 nós dividimos 24 para 5 que não dará um resultado completo,iria dar 4 e sobrar 4, então assim obtemos nosso resultado.
Isso pode ser observado na forma visual, conforme a resposta a mesma questão.
6. Porque, por exemplo:
Há estudos que mostram que a dificuldade que a maioria das pessoas têm com números é de natureza linguística: nomes, verbos e adjetivos em matemática têm usos próprios e o significado destes muitas vezes é diferente do usado nas aulas de português. A etapa atual do projeto é criar uma plataforma online para que seja possível experimentar modelos de aprendizagem que unifiquem o ensino de português e matemática a partir de uma prática de construção de narrativas.
Há ainda muitos pontos a serem pesquisados, entre eles, o código para implementar a plataforma. As pessoas podem colaborar com código. Uma ideia inicial é usar bibliotecas gráficas (SVG, D3) para produzir uma versão que inclua transformações dos problemas em de acordo com a narrativa desejada. Em um cenário ideal, o projeto prevê um lugar aonde você pode inserir operações numéricas e construir narrativas para entender como resolver o problema. Ou vice versa, você tem um problema e pode decompor o enunciado em partes para efetuar as operações numéricas.